quarta-feira, 18 de julho de 2007

Bartolomeu dos Mártires

Hoje é dia do "Grande" Beato portugês Fei Bartolomeu dito dos Mártires por ter nascido na freguesia lisboeta do mesmo nome. É importantíssima a sua intervenção no, agora muito falado (devido ao rito de celebração da Eucaristia) Concílio de Trento e nas medidas que tomou para a sua aplicação na Diocese de Braga onde era arcebispo.


Transcrevo texto retirado do site dos Dominicanos portugueses http://www.dominicanos.com.pt/index.asp?art=6604


Nascimento
Lisboa, não contente por ter dado ao mundo um dos mais notáveis contributos para a Civilização, foi berço glorioso de nomes de projecção universal. Bastará citar para o nosso intento: Santo António de Lisboa e D. Fr. Bartolomeu dos Mártires, Santo Arcebispo de Braga e luminar do Concilio de Trento.
É deste último que nos vamos ocupar nestas breves reflexões. O Beato D. Fr. Bartolomeu dos Mártires nasceu na freguesia de N.ª Senhora dos Mártires, da Cidade de Lisboa, em 3 de Maio de 1514. Era filho de Domingos Fernandes e de Maria Correia e usava o apelido do Vale, que era de um avô.
Os seus pais eram profundamente cristãos e deram-lhe uma esmerada e digna educação cristã em todos os aspectos.

Faz-se Dominicano
Veio a abraçar a vocação dominicana no convento de S. Domingos de Lisboa, tendo professado a 20 de Novembro de 1529. Acrescentou ao nome que usava o apelido de Mártires em memória da invocação da Igreja em que fora baptizado.
Formou-se em Filosofia e Teologia, ciências que ensinou, com notável êxito durante mais de 20 anos, em Évora, onde teve por aluno D. António Prior do Crato, na Batalha, em Salamanca e em S. Domingos de Benfica, aonde o veio buscar a Mitra de Braga, entrando na Arquidiocese Bracarense solenemente em Outubro de 1559. Deixou escrita uma vasta obra de teologia e espiritualidade.

Arcebispo de Braga
Aceitando a dignidade de Arcebispo de Braga por obediência, participou, como Primaz das Espanhas, na fase conclusiva do Concílio de Trento (1562-1563), para onde partiu em 1561. Ia acompanhado apenas de um teólogo, do seu secretário, de um capelão e do mínimo de familiares. No Concílio distinguiu-se pelo saber e zelo da renovação da Igreja e edificou a todos pela santidade. A correspondência do Concílio chama-lhe «douto e religiosíssimo Prelado», «homem de grande santidade e religião» e S. Carlos Borromeu afirma que o tomou por exemplo a imitar.
Num dos intervalos das sessões conciliares, foi a Roma, onde se demorou 17 dias, em visita ao Papa, quer dizer em visita «ad sacra limina». Voltou para Trento para assistir ao encerramento dos trabalhos conciliares. Rejubilou com a feliz conclusão do Concílio, e, numa carta de despedida a S. Carlos, afirmou que «só falta empenharmo-nos com todas as forças para o aplicar».

Aplicação do Concílio
Para levar a efeito, dignamente, a execução das disposições conciliares; reuniu um Sínodo diocesano, na sua Catedral, e depois um Concílio da sua Arquidiocese ou província eclesiástica.
Tratou imediatamente da fundação do Seminário Conciliar, vencendo a oposição do cabido.
Este constituiu o seu programa pastoral realizado em Braga com zelo e constância heróicas, superando todas as dificuldades. S. Pio V em carta a D. Sebastião, referindo-se às contestações sofridas pelo Beato, declara-se muito penalizado e afirma que o Arcebispo «pela exímia santidade merecia ser amado e reverenciado». Ainda na linha da renovação da Arquidiocese de Braga, purificou o culto divino, dignificou e protegeu o clero, fundando, além do Seminário Conciliar, como já foi dito, outros centros de estudos teológico-pastorais, estimulou a educação e instrução da juventude, promoveu a assistência social, socorrendo viúvas e órfãos e distribuindo, liberalmente, pelos pobres quanto tinha, preferindo viver ele em extrema pobreza para ter mais que dar e matar assim a fome a mais necessitados como bem escreveu Fr. Luís de Sousa na sua Vida do Arcebispo.

Bispo-Pastor
Visitou mais que uma vez a sua vasta Arquidiocese que se estendia a Bragança e a Freixo de Espada à Cinta. Em Janeiro de 1560 percorreu como Pastor as terras do Barroso, Trás-os-Montes e Alto Minho, regressando no princípio da Quaresma. Encontrou muitas freguesias em lastimoso estado, pela falta de cultura do Clero e ignorância religiosa do povo, mandou traduzir para uso dos sacerdotes, a Suma dos Casos, do Cardeal Caetano, e ele próprio compôs, para os fiéis, um Catecismo da Doutrina Cristã, e um livro de Práticas Espirituais.
Fundou o convento de S. Domingos, em Viana do Castelo, destinando-o a promover os estudos eclesiásticos daquela vasta zona da Arquidiocese.
No governo da Arquidiocese, D. Fr. Bartolomeu dos Mártires revelou-se, como já insinuámos, um verdadeiro e extraordinário Pastor pelo seu amor à Igreja e caridade para com os pobres a quem socorreu por ocasião da peste de 1570.
Ocupava a Sé de Braga, quando faleceu D. Henrique, o Cardeal-Rei, cuja morte deixava em aberto o problema da sucessão ao trono de Portugal. Era-lhe grata certamente a candidatura de D. António, Prior do Crato, seu amigo e seu antigo aluno. Absteve-se, porém, de tomar partido, com certeza por não lhe ver possibilidade de êxito.
A Cidade de Braga amotinara-se em favor do Prior do Crato. Para não se ver envolvido em complicações de assuntos que não eram do seu múnus pastoral, retirou-se para Tuy (Galiza) onde adoeceu gravemente e só pôde voltar à Diocese quando já reinava D. Felipe com o título de Felipe I de Portugal e II de Espanha. De Tuy regressou à Diocese, voltando às visitas pastorais. D. Fr. Bartolomeu, pouco depois, pediu a Felipe II, a renúncia ao Arcebispado, qual foi aceite. E, de Tomar, escreveu ao Papa Gregório XIII formulando semelhante pedido.

Morre em Viana
Estava em Viana, quando lhe anunciaram que e Papa nomeara novo Arcebispo para a Sé bracarense. D. Fr. Bartolomeu dos Mártires recolheu-se imediatamente ao conventos de S. Domingos de Viana, envelhecido e cansado. Ali veio a falecer, como apóstolo e santo, em 16 de Julho de 1590. À hora da morte os bracarenses pretenderam levar para Braga o seu corpo, mas os vianenses opuseram-se de armas na mão.

Processo de Beatificação
Em 1702 o Arcebispo D. João de Sousa mandou organizar o processo relativo à heroicidade das suas virtudes e aos milagres atribuídos à sua intercessão. Ficou concluído felizmente em 1845, pela promulgação do Decreto sabre a heroicidade das suas virtudes.
Foi beatificado por João Paulo II no dia 4 de Novembro de 2002. A sua festa litúrgica celebra-se a 18 de Julho.
Há, em várias línguas, numerosas biografias de D. Fr. Bartolomeu dos Mártires. A mais conhecida é a do clássico Fr. Luís de Sousa, da Ordem dominicana.

Sem comentários: