segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

"Na tua Luz, Senhor, é que veremos a Luz" Advento


"Na tua Luz, Senhor, é que veremos a Luz"

É a segunda vez que ele me faz a mesma coisa ou parecido, estou farto! Sempre a mesma coisa. Até parece que não tem emenda e ainda por cima com aquela carinha de quem não parte um prato. Se calhar pensa que estou aqui para o aturar, para fazer de conta de que não é nada, de que está tudo bem, de que não me ofendeu. Para mim acabou! Não tomou emenda e eu não lhe dou mais nenhuma oportunidade, tivesse aprendido pois já tem idade para ter criado juízo, Mais uma oportunidade? Eu ser mais tolerante? Estás a brincar…tolerar é para os tolos e ele não é tolo, está, é, a fazer de mim tolo. Aqui não há terceiras oportunidades. Nem aqui nem em parte nenhuma.


Eu? Pedir desculpa? Não faltava mesmo mais nada. Achas que sou tolo? Não me vou rebaixar, dar parte de fraco. Ele acaba por esquecer e com o tempo vai ficar tudo como dantes. Remorsos? Sentimento de culpa? Não, acho que não. Afinal não foi nada de assim tão grave, não morreu ninguém e ele até estava mesmo a pedi-las. Levou pela medida certa. Pode ser que aprenda a não fazer dos outros parvos. Aqui se fazem aqui se pagam e a mim ninguém faz o ninho atrás da orelha que eu não sou de dar água a pintos. O que me fez em concreto? Oh pá, foi aquela história que te contei ontem. Lembras-te? Não foi assim tão grave? Se calhar, mas sabes, estava mal disposto, caiu-me mal e pronto…nem pensei. Arreei-lhe logo. Pois…agora já está. Mas não insistas, pedir desculpa é que não peço, não faltava mesmo mais nada. Já te disse que ele esquece, é assim de raiva mansa, daqui a dias convida-me para um cafezito e eu sei que já lhe passou a “oura” e…amigos como dantes…

Há dias escrevi a propósito de um artista de quem gosto particularmente e a quem muitos apontam o dedo por causa de questões ligadas com o álcool. Creio que não guardei e fiz mal uma entrevista que deu há uns, creio que três anos, sobre o seu processo de desintoxicação. Há quem diga que ele recaiu e isso serve para que se digam dele cobras e lagartos. Sobre isso escrevi há dias: “e todo o ser humano tem direito a redimir-se quando tem oportunidade para...e depois há os "fracos" que reincidem, mas mesmo esses têm direito a serem amados”.

Ontem foi o Primeiro Domingo do Advento, do tempo que há-de vir. O Natal está aí à porta e com ele mais uma oportunidade de reflectirmos sobre a nossa forma de estarmos na vida, de nos relacionarmos com os outros, do papel que assumimos na sociedade onde nos inserimos. É altura de um exame de consciência e de “aplanarmos as veredas da nossa vida” para que nos sintamos bem com a nossa consciência, tenhamos a certeza de que fazemos tudo para sermos felizes, pois a nossa vocação essencial é sermos felizes e isso só é possível quando cada noite adormecemos com a consciência de que fizemos tudo para o sermos. Só podemos ser felizes se à nossa volta não houver tristeza, se formos sementes de alegria e harmonia, sementes da tal paz. Que o Natal que está a chegar não seja, apenas, mais um Natal. Que no dia 24 de Dezembro sintamos que alguma coisa se foi transformando em nós ao longo destes dias em que limpamos e alindamos as nossas casas, montamos árvores de Natal, fazemos o presépio, vemos as ruas das nossas terras iluminadas com enfeites alusivos, fazemos a lista das pessoas a quem gostaríamos de oferecer um presente, os compramos. Há toda uma preparação exterior para a Noite feliz, a Noite de Paz. Bastará esta preparação? É a única importante?

Temos mais uma oportunidade. Façamos dela A oportunidade de convertermos a nossa vida. Aproximemo-nos daqueles a quem ofendemos e assumamos a nossa culpa; aos que nos ofenderam demos mais uma oportunidade; partilhemos o que temos com quem não tem, não faltam instituições a precisarem do nosso tempo, não faltam idosos a precisarem de atenção, não falta com quem partilharmos a nossa abundância de haveres. Há sempre quem tenha menos do que nós.

Estamos no Advento. Preparemo-nos para um Natal quente de amor. Que seja Feliz Natal.


Abraços marienses
Árvore, 03 de Dezembro de 2007
Ana Loura

5 comentários:

Anónimo disse...

A Ana ,a Rosa, o Luis,ou quem for,terá sempre a sua especificidade própria da sua essência.Daí a beleza de sermos todos diferentes.
Nunca poderás dizer a um cravo que seja um jacinto.

Importante é que saibamos asssumir que somos pecadores e erguer os braços para o alto e saber acolher na nossa alma o Beijo do Pai,que a cada instante da nossa jornada nos beija, sem que disso nos dê conta,porque andamos demasiado absorvidos com as coisas do mundo.
Nem que seja a pior e a mais cruel de todas as criaturas,uma coisa sei e tenho a certeza,é que tenho um Pai maravilhoso e que gosta de mim tal como sou.
Perfeito e Bom só houve Um.
Feliz Advento tb para ti e todos os teus.(aurora)

Ana Loura disse...

Aurora, desculpa, o Pai ama-te independentemente de seres o que fores, mas certamente quer e isso tenho a certeza que quer, que sejamos felizes e não o poderemos ser ressabiados, amargurados e tristes ou mesmo revoltados. Só amando veremos amor...

Beijo fraterno

Anónimo disse...

Enquanto existir alguém ou alguma coisa entre a alma e Deus,é impossível a união perfeita.
E só ela dá a verdadeira paz.Temos de fazer nós próprios o vazio.
A alma verdadeiramente apaixonada por Deus gosta de viver nas suas próprias cumiadas,num silêncio profundo.O que não quer dizer que seja melancólica ou sorumbática,mas que se convenceu de que,para encontrar a Deus,para lhe falar,precisa de perfeição e isolamento.Deus só habita nas cumiadas ou,se quisermos no âmago da alma,para se encontrar Deus é preciso habitar esses lugares.
Deus quer geralmente uma alma solitária.(aurora)

Bom fim de semana

Anónimo disse...

Aprendi muito

Ana Loura disse...

Até eu aprendo sempre que leio este texto que eu própria escrevi já há tanto tempo e os comentários da Aurora.

Abraços