Do acontecimento pascal ao encontro dominical
Do acontecimento pascal ao encontro dominical
Como dizia um comentador da Liturgia dominical, tempos houve em que era necessário ter coragem para não ir à missa ao domingo. Hoje, ao que parece, é preciso ter alguma coragem para lá ir! O encontro dominical aqui em questão – a celebração eucarística – foi inaugurado por Jesus com os seus discípulos. O Ressuscitado da manhã de Páscoa apareceu-lhes no “primeiro dia da semana”. Ora, oito dias depois, os mesmos discípulos encontravam-se, de novo, em casa, quando Jesus se veio colocar no meio deles. Daí por diante, os Apóstolos e, com eles, a primeira comunidade cristã mantiveram-se fiéis a este encontro com Jesus vivo, em cada primeiro dia da semana, a partir daí designado como “Dia do Senhor”. De facto, diz-se dos primeiros cristãos que “eram assíduos à escuta da Palavra, à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações”. Verdade seja que esta assiduidade não parece ter sido sempre fácil, pois que o autor da Carta aos Hebreus avisa os seus leitores: “Não deserteis da vossa assembleia como alguns têm o costume de fazer”. Eis um problema que não parece ser só de hoje! Ao participarem no encontro eucarístico dominical, os cristãos inserem-se numa corrente que vem de há dois mil anos e que tem a sua origem no próprio Jesus Cristo, o Ressuscitado, ou seja, Aquele Jesus, conhecido como Homem pelos discípulos, mas sobre o qual, o incrédulo Tomé, por estranho que pareça, faz a primeira confissão de fé, afirmando Jesus Ressuscitado seu Deus! Isto mesmo é o que faz a Eucaristia dominical ao proclamar o mistério da fé cristã, permitindo aos participantes aprofundarem o desejo de uma cada vez maior união Àquele que tendo sido morto, vive para sempre. Para o padre Michel Scouarnec, com obra feita no domínio da música litúrgica, um desafio pascal relacionado com o encontro eucarístico dominical tem a ver com a descoberta pelos cristãos do gosto da fé como realidade que tem sabor e um sabor comunicativo. Para o efeito, em sua opinião, isso passaria por gostar de estar em conjunto e aprender a saborear os textos do Evangelho de cada domingo. Em segundo lugar, por uma adaptação da Liturgia a circunstâncias diversas e, por fim, pela qualidade do canto litúrgico inspirado na Palavra de Deus traduzida em metáforas capazes de lhe darem força e vigor comunicativo, na certeza de que não se pode cantar Deus dizendo seja o que for ou em música sem qualquer qualidade. É uma condição para que o canto se torne lugar de dicção de Deus, fonte de prazer e de alegria.
In Jornal Diário
2008-04-07 02:15:00
2008-04-07 02:15:00
1 comentário:
Vivemos cada vez mais cépticamente, os avanços da Ciência e tantas outras coisas gritam mais alto e tornam-nos Tomés, descrentes... Senhor que eu não perca este dom de te reconhecer na Eucaristia...
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