domingo, 16 de dezembro de 2007

Jesus quer ser uma questão de Fé



Foto de Ana Loura







És tu aquele que os Profetas anunciaram, o que há-de vir, o Messias, o Salvador? Ou devemos esperar outro? Jesus não dá uma resposta directa, não afirma nada. Apenas manda que relatem ao Baptista a realidade: os surdos ouvem, os cegos vêem, os mudos falam e os coxos andam. Mas, estas coisas, afinal, foi o que os Profetas anunciaram. Isaías, por exemplo: “é ele que vem para nos salvar. 5Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. 6 O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos.” Portanto, João concluirá que Jesus é o Messias.






Acho que Jesus nas respostas que dá sempre que é interrogado sobre quem é deixa ao interlocutor a responsabilidade das respostas: Eles dizem que és Elias, diz Pedro. E tu, quem dizes que sou? Digo que és o Messias. E no diálogo com Pilatos Jesus remata com “Tu o disseste” quando é questionado “És tu o Filho de Deus?”. Temos de ser nós a dizermos quem é Ele, o que é Ele na nossa vida. Jesus quer ser uma questão de Fé.







"Vamos preparar os caminhos do Senhor.
Vamos construir nova terra onde haja amor.




Virá o Senhor com a aurora,

brilhará com a madrugada,

proclamará a verdade.




Virá o Senhor com a força,

desatará as cadeias

e dar-nos-á a liberdade."

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Eu


Foto da autoria do meu pai. A ele , à minha Mãe e meus irmãos, a toda a minha família um beijo



Eu, 55 anos:


"Acolher os que chegam como se de Cristo se trate"


Agradeço ao Pai todos aqueles que tem "semeado" no meu caminhos e me têm ajudado a caminhar rumo aos Seus átrios.


Peço-vos, Pai, dai a Paz e abençoai todos os presentes e os físicamente ausentes. Aos que já nos esperam na Vossa glória e fazemos presentes pela Comunhão dos Santos, revelai, Pai o esplendor da Vossa face


Amém

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Thomás Merton




" O conformismo é a maior tragédia da humanidade."
apesar da fraca tradução...excelente!!!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O poeta, o pregador e a esperança - Frei Bento Domingues O.P.





In: Jornal Público


O poeta, o pregador e a esperança
09.12.2007, Frei Bento Domingues O.P.

Os cristãos devem acolher-se uns aos outros, como Cristo os acolheu


1. Diz-se que na Bíblia há textos para tudo e para o seu contrário. Coexistem, nela, os mais belos e os mais insuportáveis, por vezes nas mesmas passagens. Como aparece editada num só volume - que, no espaço francófono, pode ser agora adquirida por 1,50 euros -, é fácil esquecer que se trata de uma biblioteca, composta de muitos géneros literários, reflectindo muitas épocas, muitas problemáticas, interesses e tradições. Não é um catecismo nem um livro caído do céu, alérgico à investigação das ciências humanas. Em 1993, a Comissão Pontifícia Bíblica reconheceu, num documento notável, que ela pode ser estudada por uma pluralidade de métodos e abordagens (1).

Queixamo-nos, por vezes, do excesso de textos bíblicos, em cada domingo, para celebrar o sacramento "do corpo e do sangue", sacramento da misteriosa vida de Deus e da nossa. No entanto, as diferentes perspectivas que apresentam contribuem para salvar a comunidade católica de tentações fundamentalistas, reduzindo a Bíblia a certos textos escolhidos a dedo.


2. Essa diversidade está presente nas passagens bíblicas deste domingo. O primeiro é um poema do profeta Isaías, de há 2800 anos, e como poema deve ser saboreado:

"Sairá um ramo do tronco de Jessé e um rebento brotará das suas raízes. Sobre ele repousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e de inteligência, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de conhecimento e de temor de Deus. Não julgará pelas aparências nem decidirá pelo que ouvir dizer. Julgará os pobres com justiça e com equidade os humildes do povo; com o chicote da sua palavra atingirá o violento e com o sopro dos seus lábios exterminará os malfeitores. A justiça será o cinto dos seus rins e a lealdade circundará os seus flancos. O lobo viverá com o cordeiro e a pantera dormirá com o cabrito; o bezerro e o leãozinho andarão juntos e um menino os conduzirá. A vitela e a ursa pastarão juntas, suas crias dormirão lado a lado; o leão comerá feno como o boi. A criancinha brincará à beira do ninho da cobra e o menino meterá a mão na toca da víbora. Não mais praticarão o mal nem a destruição em todo o meu santo monte. O conhecimento do Senhor encherá o país, como as águas enchem o leito do mar. Nesse dia, a raiz de Jessé surgirá como bandeira dos povos, as nações virão procurá-la e será gloriosa a sua morada" (Is 11, 1-10).

Ninguém espera daqui uma informação científica acerca do futuro, uma proposta ecológica nem um retrato antecipado do Messias, embora os cristãos procurem nele energia para desejar o Natal de um mundo novo, um mundo de novos céus e nova terra, como canta o Apocalipse. É o excesso da palavra poética que transforma, em esperança, o mito do paraíso perdido.


3. Depois desta linguagem da harmonia, vem a do contraste abrupto (Mt 3, 1-12). Para João Baptista, homem austero do deserto, os pecadores são uma "raça de víboras". Ele é a figura do moralista ameaçador com o machado e o fogo da ira de Deus: ou te convertes ou morres.

Que vem ele fazer ao Novo Testamento, ao Evangelho da pura graça de Deus? Porquê tanto vinagre, quando é anunciado o vinho da alegria?

Se consultarmos S. Lucas, veremos que o contraste é a essência da sua narrativa. É o próprio Jesus, que muito admirava o homem do deserto, de quem foi discípulo e por quem foi baptizado, que insiste na ruptura: "Digo-vos que, dentre os nascidos de mulher, não há ninguém maior do que João; mas o menor no Reino de Deus é maior do que ele" (Lc 7, 28-30).

Tanta era a diferença, que Jesus acabou por se separar do seu mestre e seguiu outro caminho: não conseguia anunciar o "dia da ira de Iavé". Não vinha para meter medo, mas para abrir, na nossa história, o caminho da alegria.

S. Paulo, conhecido pela sua polémica entre o regime da Lei e o da Graça, não quer, no entanto, abolir o Antigo Testamento (Rm 15, 4-9). Tudo lhe serve para a sua inovação radical. Para este judeu de cultura rabínica e greco-romana, Deus não tem pressa em castigar, mas em consolar. Os cristãos devem acolher-se, uns aos outros, como Cristo os acolheu. Deus é Deus dos judeus e dos gentios, não faz acepção de povos nem de pessoas.

No passado, pelas mais diversas razões, as diferenças entre espiritualidades, movimentos e religiões serviram para atiçar rancores e violências. Hoje, o chamado diálogo inter-religioso tende a uma justaposição de discurso de boas maneiras. É urgente escutar todas as vozes, mesmo a daqueles que se mostram empenhados em negar espaço às vozes da fé ou da irreligião. Comecemos o tempo no qual, agnósticos, ateus e religiosos saibam alimentar, a partir das suas diferenças, a esperança de que é possível trabalhar por um mundo de todos e para todos, sem miséria e sem ameaças bélicas e ambientais.

O Papa acaba de escrever sobre a esperança. Cada um de nós, se quer falar de esperança aos outros, tem de perguntar a si mesmo: afinal, qual é a minha esperança?


(2).(1) A Interpretação da Bíblia na Igreja, Rei dos Livros, Lisboa.

(2) Guy Coq, Fala-me da Tua Esperança, Âmbar, Porto.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

"Na tua Luz, Senhor, é que veremos a Luz" Advento


"Na tua Luz, Senhor, é que veremos a Luz"

É a segunda vez que ele me faz a mesma coisa ou parecido, estou farto! Sempre a mesma coisa. Até parece que não tem emenda e ainda por cima com aquela carinha de quem não parte um prato. Se calhar pensa que estou aqui para o aturar, para fazer de conta de que não é nada, de que está tudo bem, de que não me ofendeu. Para mim acabou! Não tomou emenda e eu não lhe dou mais nenhuma oportunidade, tivesse aprendido pois já tem idade para ter criado juízo, Mais uma oportunidade? Eu ser mais tolerante? Estás a brincar…tolerar é para os tolos e ele não é tolo, está, é, a fazer de mim tolo. Aqui não há terceiras oportunidades. Nem aqui nem em parte nenhuma.


Eu? Pedir desculpa? Não faltava mesmo mais nada. Achas que sou tolo? Não me vou rebaixar, dar parte de fraco. Ele acaba por esquecer e com o tempo vai ficar tudo como dantes. Remorsos? Sentimento de culpa? Não, acho que não. Afinal não foi nada de assim tão grave, não morreu ninguém e ele até estava mesmo a pedi-las. Levou pela medida certa. Pode ser que aprenda a não fazer dos outros parvos. Aqui se fazem aqui se pagam e a mim ninguém faz o ninho atrás da orelha que eu não sou de dar água a pintos. O que me fez em concreto? Oh pá, foi aquela história que te contei ontem. Lembras-te? Não foi assim tão grave? Se calhar, mas sabes, estava mal disposto, caiu-me mal e pronto…nem pensei. Arreei-lhe logo. Pois…agora já está. Mas não insistas, pedir desculpa é que não peço, não faltava mesmo mais nada. Já te disse que ele esquece, é assim de raiva mansa, daqui a dias convida-me para um cafezito e eu sei que já lhe passou a “oura” e…amigos como dantes…

Há dias escrevi a propósito de um artista de quem gosto particularmente e a quem muitos apontam o dedo por causa de questões ligadas com o álcool. Creio que não guardei e fiz mal uma entrevista que deu há uns, creio que três anos, sobre o seu processo de desintoxicação. Há quem diga que ele recaiu e isso serve para que se digam dele cobras e lagartos. Sobre isso escrevi há dias: “e todo o ser humano tem direito a redimir-se quando tem oportunidade para...e depois há os "fracos" que reincidem, mas mesmo esses têm direito a serem amados”.

Ontem foi o Primeiro Domingo do Advento, do tempo que há-de vir. O Natal está aí à porta e com ele mais uma oportunidade de reflectirmos sobre a nossa forma de estarmos na vida, de nos relacionarmos com os outros, do papel que assumimos na sociedade onde nos inserimos. É altura de um exame de consciência e de “aplanarmos as veredas da nossa vida” para que nos sintamos bem com a nossa consciência, tenhamos a certeza de que fazemos tudo para sermos felizes, pois a nossa vocação essencial é sermos felizes e isso só é possível quando cada noite adormecemos com a consciência de que fizemos tudo para o sermos. Só podemos ser felizes se à nossa volta não houver tristeza, se formos sementes de alegria e harmonia, sementes da tal paz. Que o Natal que está a chegar não seja, apenas, mais um Natal. Que no dia 24 de Dezembro sintamos que alguma coisa se foi transformando em nós ao longo destes dias em que limpamos e alindamos as nossas casas, montamos árvores de Natal, fazemos o presépio, vemos as ruas das nossas terras iluminadas com enfeites alusivos, fazemos a lista das pessoas a quem gostaríamos de oferecer um presente, os compramos. Há toda uma preparação exterior para a Noite feliz, a Noite de Paz. Bastará esta preparação? É a única importante?

Temos mais uma oportunidade. Façamos dela A oportunidade de convertermos a nossa vida. Aproximemo-nos daqueles a quem ofendemos e assumamos a nossa culpa; aos que nos ofenderam demos mais uma oportunidade; partilhemos o que temos com quem não tem, não faltam instituições a precisarem do nosso tempo, não faltam idosos a precisarem de atenção, não falta com quem partilharmos a nossa abundância de haveres. Há sempre quem tenha menos do que nós.

Estamos no Advento. Preparemo-nos para um Natal quente de amor. Que seja Feliz Natal.


Abraços marienses
Árvore, 03 de Dezembro de 2007
Ana Loura