domingo, 16 de dezembro de 2007

Jesus quer ser uma questão de Fé



Foto de Ana Loura







És tu aquele que os Profetas anunciaram, o que há-de vir, o Messias, o Salvador? Ou devemos esperar outro? Jesus não dá uma resposta directa, não afirma nada. Apenas manda que relatem ao Baptista a realidade: os surdos ouvem, os cegos vêem, os mudos falam e os coxos andam. Mas, estas coisas, afinal, foi o que os Profetas anunciaram. Isaías, por exemplo: “é ele que vem para nos salvar. 5Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. 6 O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos.” Portanto, João concluirá que Jesus é o Messias.






Acho que Jesus nas respostas que dá sempre que é interrogado sobre quem é deixa ao interlocutor a responsabilidade das respostas: Eles dizem que és Elias, diz Pedro. E tu, quem dizes que sou? Digo que és o Messias. E no diálogo com Pilatos Jesus remata com “Tu o disseste” quando é questionado “És tu o Filho de Deus?”. Temos de ser nós a dizermos quem é Ele, o que é Ele na nossa vida. Jesus quer ser uma questão de Fé.







"Vamos preparar os caminhos do Senhor.
Vamos construir nova terra onde haja amor.




Virá o Senhor com a aurora,

brilhará com a madrugada,

proclamará a verdade.




Virá o Senhor com a força,

desatará as cadeias

e dar-nos-á a liberdade."

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Eu


Foto da autoria do meu pai. A ele , à minha Mãe e meus irmãos, a toda a minha família um beijo



Eu, 55 anos:


"Acolher os que chegam como se de Cristo se trate"


Agradeço ao Pai todos aqueles que tem "semeado" no meu caminhos e me têm ajudado a caminhar rumo aos Seus átrios.


Peço-vos, Pai, dai a Paz e abençoai todos os presentes e os físicamente ausentes. Aos que já nos esperam na Vossa glória e fazemos presentes pela Comunhão dos Santos, revelai, Pai o esplendor da Vossa face


Amém

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Thomás Merton




" O conformismo é a maior tragédia da humanidade."
apesar da fraca tradução...excelente!!!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O poeta, o pregador e a esperança - Frei Bento Domingues O.P.





In: Jornal Público


O poeta, o pregador e a esperança
09.12.2007, Frei Bento Domingues O.P.

Os cristãos devem acolher-se uns aos outros, como Cristo os acolheu


1. Diz-se que na Bíblia há textos para tudo e para o seu contrário. Coexistem, nela, os mais belos e os mais insuportáveis, por vezes nas mesmas passagens. Como aparece editada num só volume - que, no espaço francófono, pode ser agora adquirida por 1,50 euros -, é fácil esquecer que se trata de uma biblioteca, composta de muitos géneros literários, reflectindo muitas épocas, muitas problemáticas, interesses e tradições. Não é um catecismo nem um livro caído do céu, alérgico à investigação das ciências humanas. Em 1993, a Comissão Pontifícia Bíblica reconheceu, num documento notável, que ela pode ser estudada por uma pluralidade de métodos e abordagens (1).

Queixamo-nos, por vezes, do excesso de textos bíblicos, em cada domingo, para celebrar o sacramento "do corpo e do sangue", sacramento da misteriosa vida de Deus e da nossa. No entanto, as diferentes perspectivas que apresentam contribuem para salvar a comunidade católica de tentações fundamentalistas, reduzindo a Bíblia a certos textos escolhidos a dedo.


2. Essa diversidade está presente nas passagens bíblicas deste domingo. O primeiro é um poema do profeta Isaías, de há 2800 anos, e como poema deve ser saboreado:

"Sairá um ramo do tronco de Jessé e um rebento brotará das suas raízes. Sobre ele repousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e de inteligência, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de conhecimento e de temor de Deus. Não julgará pelas aparências nem decidirá pelo que ouvir dizer. Julgará os pobres com justiça e com equidade os humildes do povo; com o chicote da sua palavra atingirá o violento e com o sopro dos seus lábios exterminará os malfeitores. A justiça será o cinto dos seus rins e a lealdade circundará os seus flancos. O lobo viverá com o cordeiro e a pantera dormirá com o cabrito; o bezerro e o leãozinho andarão juntos e um menino os conduzirá. A vitela e a ursa pastarão juntas, suas crias dormirão lado a lado; o leão comerá feno como o boi. A criancinha brincará à beira do ninho da cobra e o menino meterá a mão na toca da víbora. Não mais praticarão o mal nem a destruição em todo o meu santo monte. O conhecimento do Senhor encherá o país, como as águas enchem o leito do mar. Nesse dia, a raiz de Jessé surgirá como bandeira dos povos, as nações virão procurá-la e será gloriosa a sua morada" (Is 11, 1-10).

Ninguém espera daqui uma informação científica acerca do futuro, uma proposta ecológica nem um retrato antecipado do Messias, embora os cristãos procurem nele energia para desejar o Natal de um mundo novo, um mundo de novos céus e nova terra, como canta o Apocalipse. É o excesso da palavra poética que transforma, em esperança, o mito do paraíso perdido.


3. Depois desta linguagem da harmonia, vem a do contraste abrupto (Mt 3, 1-12). Para João Baptista, homem austero do deserto, os pecadores são uma "raça de víboras". Ele é a figura do moralista ameaçador com o machado e o fogo da ira de Deus: ou te convertes ou morres.

Que vem ele fazer ao Novo Testamento, ao Evangelho da pura graça de Deus? Porquê tanto vinagre, quando é anunciado o vinho da alegria?

Se consultarmos S. Lucas, veremos que o contraste é a essência da sua narrativa. É o próprio Jesus, que muito admirava o homem do deserto, de quem foi discípulo e por quem foi baptizado, que insiste na ruptura: "Digo-vos que, dentre os nascidos de mulher, não há ninguém maior do que João; mas o menor no Reino de Deus é maior do que ele" (Lc 7, 28-30).

Tanta era a diferença, que Jesus acabou por se separar do seu mestre e seguiu outro caminho: não conseguia anunciar o "dia da ira de Iavé". Não vinha para meter medo, mas para abrir, na nossa história, o caminho da alegria.

S. Paulo, conhecido pela sua polémica entre o regime da Lei e o da Graça, não quer, no entanto, abolir o Antigo Testamento (Rm 15, 4-9). Tudo lhe serve para a sua inovação radical. Para este judeu de cultura rabínica e greco-romana, Deus não tem pressa em castigar, mas em consolar. Os cristãos devem acolher-se, uns aos outros, como Cristo os acolheu. Deus é Deus dos judeus e dos gentios, não faz acepção de povos nem de pessoas.

No passado, pelas mais diversas razões, as diferenças entre espiritualidades, movimentos e religiões serviram para atiçar rancores e violências. Hoje, o chamado diálogo inter-religioso tende a uma justaposição de discurso de boas maneiras. É urgente escutar todas as vozes, mesmo a daqueles que se mostram empenhados em negar espaço às vozes da fé ou da irreligião. Comecemos o tempo no qual, agnósticos, ateus e religiosos saibam alimentar, a partir das suas diferenças, a esperança de que é possível trabalhar por um mundo de todos e para todos, sem miséria e sem ameaças bélicas e ambientais.

O Papa acaba de escrever sobre a esperança. Cada um de nós, se quer falar de esperança aos outros, tem de perguntar a si mesmo: afinal, qual é a minha esperança?


(2).(1) A Interpretação da Bíblia na Igreja, Rei dos Livros, Lisboa.

(2) Guy Coq, Fala-me da Tua Esperança, Âmbar, Porto.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

"Na tua Luz, Senhor, é que veremos a Luz" Advento


"Na tua Luz, Senhor, é que veremos a Luz"

É a segunda vez que ele me faz a mesma coisa ou parecido, estou farto! Sempre a mesma coisa. Até parece que não tem emenda e ainda por cima com aquela carinha de quem não parte um prato. Se calhar pensa que estou aqui para o aturar, para fazer de conta de que não é nada, de que está tudo bem, de que não me ofendeu. Para mim acabou! Não tomou emenda e eu não lhe dou mais nenhuma oportunidade, tivesse aprendido pois já tem idade para ter criado juízo, Mais uma oportunidade? Eu ser mais tolerante? Estás a brincar…tolerar é para os tolos e ele não é tolo, está, é, a fazer de mim tolo. Aqui não há terceiras oportunidades. Nem aqui nem em parte nenhuma.


Eu? Pedir desculpa? Não faltava mesmo mais nada. Achas que sou tolo? Não me vou rebaixar, dar parte de fraco. Ele acaba por esquecer e com o tempo vai ficar tudo como dantes. Remorsos? Sentimento de culpa? Não, acho que não. Afinal não foi nada de assim tão grave, não morreu ninguém e ele até estava mesmo a pedi-las. Levou pela medida certa. Pode ser que aprenda a não fazer dos outros parvos. Aqui se fazem aqui se pagam e a mim ninguém faz o ninho atrás da orelha que eu não sou de dar água a pintos. O que me fez em concreto? Oh pá, foi aquela história que te contei ontem. Lembras-te? Não foi assim tão grave? Se calhar, mas sabes, estava mal disposto, caiu-me mal e pronto…nem pensei. Arreei-lhe logo. Pois…agora já está. Mas não insistas, pedir desculpa é que não peço, não faltava mesmo mais nada. Já te disse que ele esquece, é assim de raiva mansa, daqui a dias convida-me para um cafezito e eu sei que já lhe passou a “oura” e…amigos como dantes…

Há dias escrevi a propósito de um artista de quem gosto particularmente e a quem muitos apontam o dedo por causa de questões ligadas com o álcool. Creio que não guardei e fiz mal uma entrevista que deu há uns, creio que três anos, sobre o seu processo de desintoxicação. Há quem diga que ele recaiu e isso serve para que se digam dele cobras e lagartos. Sobre isso escrevi há dias: “e todo o ser humano tem direito a redimir-se quando tem oportunidade para...e depois há os "fracos" que reincidem, mas mesmo esses têm direito a serem amados”.

Ontem foi o Primeiro Domingo do Advento, do tempo que há-de vir. O Natal está aí à porta e com ele mais uma oportunidade de reflectirmos sobre a nossa forma de estarmos na vida, de nos relacionarmos com os outros, do papel que assumimos na sociedade onde nos inserimos. É altura de um exame de consciência e de “aplanarmos as veredas da nossa vida” para que nos sintamos bem com a nossa consciência, tenhamos a certeza de que fazemos tudo para sermos felizes, pois a nossa vocação essencial é sermos felizes e isso só é possível quando cada noite adormecemos com a consciência de que fizemos tudo para o sermos. Só podemos ser felizes se à nossa volta não houver tristeza, se formos sementes de alegria e harmonia, sementes da tal paz. Que o Natal que está a chegar não seja, apenas, mais um Natal. Que no dia 24 de Dezembro sintamos que alguma coisa se foi transformando em nós ao longo destes dias em que limpamos e alindamos as nossas casas, montamos árvores de Natal, fazemos o presépio, vemos as ruas das nossas terras iluminadas com enfeites alusivos, fazemos a lista das pessoas a quem gostaríamos de oferecer um presente, os compramos. Há toda uma preparação exterior para a Noite feliz, a Noite de Paz. Bastará esta preparação? É a única importante?

Temos mais uma oportunidade. Façamos dela A oportunidade de convertermos a nossa vida. Aproximemo-nos daqueles a quem ofendemos e assumamos a nossa culpa; aos que nos ofenderam demos mais uma oportunidade; partilhemos o que temos com quem não tem, não faltam instituições a precisarem do nosso tempo, não faltam idosos a precisarem de atenção, não falta com quem partilharmos a nossa abundância de haveres. Há sempre quem tenha menos do que nós.

Estamos no Advento. Preparemo-nos para um Natal quente de amor. Que seja Feliz Natal.


Abraços marienses
Árvore, 03 de Dezembro de 2007
Ana Loura

domingo, 25 de novembro de 2007

"Vejo pouca gente da Igreja a defender os direitos humanos" D. Januário Torgal Ferreira - Bispo





"Vejo pouca gente da Igreja a defender os direitos humanos"


joão girão


"Todos os princípios que recebi são de Direita. Só despertei para os ideais de Esquerda aos 20 anos"


O bispo das Forças Armadas, Januário Torgal Ferreira, decidiu que queria ser padre muito cedo, aos sete anos. Entrou no seminário aos 10, de onde só saiu aos 22. Em Maio de 1968 estava em França a estudar filosofia com Paul Ricoeur. Aí viveu tempos intensos de debate social e político, bem como eclesial. Para o prelado, que esteve recentemente em Roma, a Igreja portuguesa tem de mudar. Muito.


JN Antena 1Disse uma vez que uma das tragédias em Portugal era a Igreja ser só da e para a Direita. A Igreja em Portugal não está totalmente aberta?

D. Januário Torgal Ferreira Não, a Igreja em Portugal é totalmente conservadora.

De Direita, portanto.


De Direita nesse sentido. Por isso é que o Papa diz que isto tem de dar uma volta. Pois tem. A mentalidade... Por que é que não se fala do desemprego, da violência contra as mulheres, das purgas contra as crianças, da pouca vergonha instalada na Justiça?

Posso perguntar a um bispo se é de Direita ou de Esquerda?


Costumo dizer eu sei como voto. Venho da Direita. Todos os princípios que recebi são de Direita. Só despertei para os ideais de Esquerda, da justiça social, a partir dos meus 20 anos. São os ideais de justiça social, de solidariedade que competem à Igreja. A Igreja tem coisas fantásticas, de amor, de devoção, de entrega. Mas, não tenhamos medo de dizê-lo: vejo pouca gente da Igreja a defender os direitos humanos. Há, mas pouca.

São os silêncios de que tem vindo a falar?


Sim. Prefiro a ruptura, a discussão. Espero frontalidade, mas, habitualmente, o que se usa é o truque, a hipocrisia.

Viu luz no que o Papa disse aos bispos?


Vi, claro. Ele disse uma coisa muito importante, que é que isto tem que dar uma volta. A Igreja tem de dar uma volta. Também ele, o Papa, em muitas coisas deve dar uma volta.

Que volta? Comecemos pelo Papa antes de falarmos da Igreja portuguesa.


Nós deveríamos ser muito mais escutados por Roma; não deveria haver centralismo. Deveria haver muito mais comunhão. Deveria mudar a apresentação. Deveria haver uma Igreja - não vou advogar que se venda o Vaticano, não sou iconoclasta - diferente na nossa presença, até na forma de vestir, na casa em que habitamos, o carro, o secretário, a corte. Tudo isto deveria mudar. Deveríamos ser muito mais naturais, cidadãos mais próximos e deixar aquilo que vem de outras épocas que não deve ser destruído, mas devemos viver em situações normais.

Seria mais útil?


O próprio Vaticano poderia entregar as coisas que lá tem. Mas eu refiro-me a cada um de nós, bispos, padres. Há pessoas que têm sempre de mudar de carro, comprar o melhor andar... Num país de dois milhões de pobres... A democracia portuguesa está doente. E eu pergunto, a Igreja diz isto? Não diz! Está a ver a mentalidade triste, num apagado e triste país.

O dinheiro da basílica de Fátima bem podia ter sido empregue noutra coisa...
Alguém me disse que a igreja vai nascer do dinheiro dado pelos peregrinos; que é para eles se abrigarem no Inverno e no fim do Verão. Só que acho que no Inverno não há nove mil peregrinos no santuário de Fátima (...). Seria tão exemplar criar novas mentalidades - sem discursos do púlpito, como eu estou aqui a fazer, que é muito fácil - para obras sociais mais necessárias. Privilegiaria crianças ou idosos... Aquilo que acho que falta em Portugal, a partir da Igreja, é humanidade.

Estranhou que o Papa citasse o Vaticano II?


Não, o Papa, no fundo, também cita os bispos.

No Vaticano II, defendeu-se o recurso a métodos artificiais para controlar a reprodução. Essa parte não está no discurso do Papa.
Não, infelizmente não foi aceite pelo Papa Paulo VI.

Para a Igreja, é pecado. Para si, não é?


Para mim, não é. Para mim, é um instrumento de defesa. Para mim, é um elemento promotor da vida, uma forma civilizada e inteligente de proceder.

Acha que a Igreja portuguesa pode dar a volta que o Papa pediu?


Temos pernas para andar. Teremos de ter humildade de executar, de aplicar, às vezes, coisas simples, decisões que se assumem. A Igreja foi conivente com o regime de Salazar, é coisa que a gente tem que dizer. Não é pedir perdão - que pedir perdão é mudar a nossa vida. Mas a Igreja tem responsabilidade, porque a Igreja é, de facto, Jesus Cristo...

Vamos ter de terminar. O senhor escolheu o requiem de Mozart para terminarmos esta conversa. Posso perguntar porquê?
Para mim, a morte faz parte da vida. A morte é a ressurreição que eu gostaria que começasse aqui, na Terra. A ressurreição seria o caminhar mais rápido do caminhar mais lento. Mas tudo o que eu fiz na Terra seria em ordem a derrotar estes fenómenos vergonhosos da morte que nós temos.



Entrevista no Jornal de Notícias



Também gosto muito do Requiem de Mozart e agora fiquei a gostar de D. Januário Torgal Ferreira

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Deus de vivos




"roubei" esta belíssima imagem ao "Padres Inquietos" http://www.padre-inquieto.blogspot.com/


terça-feira, 20 de novembro de 2007

Zaqueu- Quero ver Jesus


Zaqueu e Nicodemos são os meus "herois".


"Engraçado" (este meu engraçado é ssim como o "isto é assim", é recorrente) que eu quando leio ou ouço ler a história de Zaqueu imagino um homem muito pequeno a correr no meio da multidão e a ser acotovelado por uns e outros, aos saltinhos a tentar ver Aquele atrás de quem corriam multidões e ao concluir que nunca veria Aquele que lhe suscitava tanta curiosidade (Apenas curiosidade??? Não creio) viu aquele sicómero não muito mais alto q ele (será igual ao que tenho à porta da minha casa?) trepou a correr, não fosse Aquele homem passar sem que ele O visse e quando Ele pronunciou o seu nome corou atá à raiz dos cabelos, encolheu-se, ficou, ainda, mais pequeno (como seria possível que Aquele a quem chamavam de Mestre e até de Filho de Deus soubesse o seu nome? Que iria Ele dizer?? Que não era digno de sequer subir a uma árvore para O ver?? Os seus olhos desviaram-se do rosto de Jesus, as mãos tremeram-se-lhe agarradas aos ramos e o pé resvalou-lhe tronco abaixo... Jesus falou, vai para casa que Eu hoje quero lá ficar. Peplexo aquele homem baixinho correu com asas nas sandálias que calçavam os seus pés, tropeçou nas vestes ricas compradas com o suor dos seus irmãos, conseguiu manter-se em pé, lágrimas de alegria a lavarem-lhe o rosto. Ele iria ver o rosto de Jesus, saber na primeira pessoa quem era Aquele atrás de quem corriam multidões.


Se ao menos eu fosse um bocadinho como Zaqueu, quizesse, de facto, ver Jesus. Não nas milhares de imagens que fazem/fazemos dele, louro quase sempre, negro muito poucas, mas nos rostos sofridos dos doentes de SIDA, no rosto de TODOS os excluidos e marginalizados, dos que não têm nem direito a terem direito de sobreviver.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Semana das Missões





Interessante como o conceito de Missão tem evoluido e ainda bem. Antigamente as Missões eram aquelas que levavam os nossos Monjes e Monjas todos frescos, lavados e passados a ferro e os devolviam a eles de barbas até a meio do peito, já esbranquiçada, a péle dos braços e do resto dos rostos e cabeça já calva tisnadas dos soles dos trópicos e com uma pronúncia estranha e elas também tisnadas, mangas dos hábitos arregaçadas e num certo desalinho reflexo de anos a, para além de falerem em palavras sobre Deus, a demonstrarem-no na prática ao ajudarem a nascer, a cuidar, a vacinar, a letrar os povos das áfricas e ásias "pertença" de Portugal e a gente a fazer recolha de escudos nas escolas para as Missões que nem sabiamos o que eram nem onde ficavam.

Agora, para além dessas Missões há-as pertinho de nós nos bairros degradados, nos becos da droga, nas franjas dos excluídos das nossas sociedades de fartura e consumismo e é para aí que se voltam os olhares dos Cristãos. Voltam???? Deveriam voltar e aí fazermos cada vez mais Missão. Os "santos da casa" têm e devem fazer acontece milagres de multiplicação de Pão da palavra e de Pão que alimenta os estômagos enfraquecidos pela miséria muitas das vezes envergonhada e escondida atrás de tabiques. Não basta distribuir a sopa dos pobres, é preciso ir mais longe. O difícil é saber como e encontrar forças para se fazer Missionário de seres sem vontade, sem forças, sem perspectivas de vida.
É sempre a mesma questão de nos dispormos a ser instrumentos de Paz, pois a Paz, a tal que excede todo o entendimento passa por alimento, cuidados básicos de saúde, pela sobrevivência. Não se pode falar de Deus a quem tem fome de tudo.
Abraços fraternos

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

"Olhai os lírios do campo"




















As fotografias estão bastante fracas, mas...


Estas flores não serão, certamente, Lírios. Penso que serão da família das orquídeas e nasceram num muro do quintal da casa onde neste momento moro. Assim, sem serem semeadas por mão humana. São lindas! E desabrocharam há coisa de duas semanas quando caiu um aguaceiro. Aliás, só reparei nelas quando no fim do primeiro dia de chuva deste Outono que teima em não chegar fui ao terraço que "serve" o meu quarto.
Confesso que, quando acordei naquele dia, estranhei a pouca claridade, mas nessa altura ainda não a relacionei com a ameaça de chuva. Só quando ouvi um ruido estranho e assomei à janela aqui ao lado do computador onde quase sempre ao acordar e depois das Laudes venho ver se alguém deixou na minha caixa de e-mail alguma coisa que interesse ler no início de mais um dia e vi que afinal não era o meu vizinho de quase em frente a regar o jardim mas sim a primeiríssima chuva .


Quando ao fim da tarde vi o "milagre" destas flores num sítio improvável como o muro lembrei de: Mateus 6-27 e de que o nosso Grupo Coral canta uma lindíssima canção cuja letra se baseia nesta passagem



"Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?
E pelo que haveis de vestir, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles.
Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé?
Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir?
(Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso.
Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal."


Hoje passados uns 15 dias reparei que a seca que se instalou está a matar a minha florinha e que Deus precisa da minha mão, que eu me disponha a isso, para que ela não morra como precisou que o Bom Samaritano se dispusesse, também, a ser instrumento para os cuidados ao pobre homem caído espancado na berma da estrada. Reguei a minha flor, que como a rosa do Principezinho é única

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Novo Santuário de Fátima



Ambas as fotos retiradas na NET. A da direita foi a menos chocante que encontrei ao pesquisar a palavra miséria
A propósito de um post nos Padres Inquietos:


O meu Santo de eleição é S. Francisco de Assis, costumo chamá-lo de o Meu Santo.A que isto a propósito? LOl Haverá edifícios mais sumptuosos que as igrejas franciscanas? Talhas douradas mais rocócós, mais ricas do que as igrejas Franciscanas? Este facto sempre me chocou...Como os "descendentes" do Poverello poderiam ter gasto o dinheiro das esmolas com a ostentação do ouro que recobe os altares em vez de socorrerem tantos que morreram de fome à época. Li em qualquer lado que para abrigar o Corpo de Cristo riqueza alguma é demais... Mesmo assim, ainda que fique boquiaberta ao contemplar a beleza dos altares da Igreja do Convento de S Francisco do Porto, ou ao ver fotos das igrejas de Ouro Preto no Brasil, continuo a considerar que Deus ficaria mais feliz se nenhum dos Seus filhos morresse de fome, se a nenhum dos Seus filhos fosse omitido (porque não dizer negado) o direito à vida com dignidade.




Ninguém diz que se tivesse feito um barracão para albergar os peregrinos, mas nem oito nem oitenta. Ainda há muita miséria em Portugal...ainda há muita pastoral da juventude a ser feita...muito aborto a ser evitado...




Abraço fraterno




"Portugal tem a maior percentagem de cidadãos a viver abaixo do limiar da pobreza (20% contra 16% da média europeia), a miséria é mais persistente e o fosso entre ricos e pobres é quase o dobro dos seus parceiros da UE.Estudo da Comissão Nacional Justiça e Paz"

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Desconheço o autor da gravura

Mais um desafio da Comunidade de Nazaré http://comnazare.info/forum/viewtopic.php?p=658#658. O meu primeiro post no TeoLugar foi, exactamente, sobre este tema. Mas quiz aproveitar para refletir mais um pouco e aqui está o fruto da minha reflexão

,

Eu??? Eu cá tenho a minha Fé. Não preciso de andar atrás das saias dos padrecos, isso é pras beatas. Missa???? Tas tola, vê lá tu se os que lá vão são melhores que eu…uma cambada de beatos fingidos, ratos de sacristia…saem da missa com ares de santos de pau carunchoso, põem a cabecinha à banda com ares de bonecos de cera e quando viram a esquina já vão a comentar a roupa da tal, a que foi comungar e “dá uns pontos” com o “Zé dos patos”, mas sempre vou à Igreja à Missa do Galo e no dia de Páscoa. Afinal a essas toda a gente vai e sempre arejo aqueles fatos que comprei para os últimos casamentos a que fui há dois anos e cujos noivos até já se separaram…Um dos casais até era da igreja, andavam sempre a cheiricar o rabo ao padre, mas diz-se q ela lhe aquecia os pés… Tas a ver? São todos farinha do mesmo saco…e ia eu confessar-me a ele? não faltava mesmo mais nada…a um homem que não vale um caracol, um sonso que passa a vida nas discotecas com a malta, até bebe e fuma como se fosse um qualquer e ao Sábado chega a casa quase à hora de rezar a primeira Missa…Eu confesso-me directamente a Deus e baixinho para ninguém me ouvir, dou umas esmolitas, apesar de já não haver pobres como dantes, agora anda tudo a esbanjar, a “arrotar postas de pescada” e os chinocas vendem roupa barata, já ninguém aceita roupa usada nem pão seco. Tas a ver como eu cá tenho a minha fé?·




Pois é, José, gostaria de estar tão segura como tu, de dizer que tenho a minha ou alguma Fé. Ando por aqui à procura, insegura, assim tem-te não caias e o certo é que por vezes até caio e fico no chão tempos sem fim sem forças para me erguer enquanto passam por mim indiferentes os que como tu dizem que tem a sua fé.




Sou frágil, insegura e nessas alturas quando limpo as lágrimas do meu desalento parece que, afinal, a vida não é assim tão cinzenta e sinto uma força qualquer a ajudar-me a erguer o corpo do chão e a voltar a caminhar. Sim, eu acho que há um ser superior, a vida não pode ter surgido do nada, nós não somos animais como os outros, pensamos, raciocinamos amamos e sentimos dentro de nós uma força imensa que nos vem não sei bem de onde quando estamos perto do abismo.




Muitas vezes interrogo-me sobre as coisas, sobre o que significam, sobre a importância delas na minha vida, sobre a forma como lido com elas, com o mundo à minha volta. Há uma frase, uma oração que a Natalinha escreveu num papel, junto com outras, para os meninos da nossa Catequese e que diz: “Meu Deus eu creio em ti, mas aumenta a minha Fé”. Esta frase, como muitas outras, anda às voltas no meu cérebro. É que eu não gosto de pensar e dizer uma coisa sem o fazer com o coração e quando eu digo que creio em Deus eu quero dizê-lo com toda eu, com o raciocínio e com o coração, não apenas com os lábios, não me quero afundar nas águas tumultuosas da vida por duvidar.




Eu dizia aos nossos meninos que para amarmos alguém ou alguma coisa nós temos de a conhecer. Ninguém ama o que não conhece, pelo que não basta acreditar que Deus existe. Ter Fé! Não basta não O termos visto e, apesar disso, acreditarmos. É preciso conhecermos e amarmos. Aumentar a nossa Fé, é crescermos nesse amor ao lermos a Bíblia, ao orarmos as Horas e mesmo ao questionarmo-nos, porque O vamos conhecendo. Quem duvida, quem questiona quer saber. Eu nas minhas dúvidas, nas questões que eu coloco eu procuro conhecer-lO e amar sempre e cada vez mais. Portanto aumento a minha Fé.

Pois é, José, a Fé sem amor é vaga e o amor só é realizado no próximo, quando nos deixamos ser os braços dO Deus que dos nossos braços de Samaritanos precisa para cuidar dos Seus filhos caídos nas bermas das estradas da vida, daqueles por quem passas indiferente porque tens a TUA fé.

“Senhor, eu creio em Ti, mas aumenta a minha Fé”.

sábado, 6 de outubro de 2007

"A Andorinha abraçou o Lavrador"

Esta história teve início fez já 5 anos. Depois de uns mêses antes eu ter encontrado, numa das minhas primeiras entradas na Internet, pessoas com quem passei a ter encontros diários nos chats da Canção Nova onde foi por acaso que entrei a primeira vez, acaso ou talvez não.

Conheci, ou melhor, conhecemos a Maria do Céu, por intermédio de um jóvem fantástico que tinhamos conhecido, também, no Chat da CN e que passou a fazer parte do grupo que se reunia para trocar ideias e conversar com as pessoas que lá entravam à procura de amparo. Diziamos nós que faziamos o "Ministério da Misericórdia". Com a criação da Comunidade de Nazaré, foram criados duas salas de Chat, uma para a Comunidade e outro para os Peregrinos que nela aportassem, era aí que falavamos com a Maria do Céu e foi aí que ela nos deu conta da sua vocação de contemplação e acção. Resumindo. Um dia o Rui diz-nos q a nossa Céuzinha decidira "fazer uma experiência de vida" dentro de um mosteiro na Congregação das Irmãs Hospitaleiras de Nossa Senhora da Conceição http://www.confhic.com/Site/index.php. O comentário imediato do Irmão Silencio, Monge Trapista que com as suas palavras, que podem ler no Abraço do Pai http://abracodopai.blogspot.com/, ajudou tantos corações atribulados, inclusivé o meu, foi: "A Andorinha abraçou o Lavrador".

A Céu professou os "Votos Temporários" no passado dia 4, dia de S. Francisco Patrono da Congregação, no Mosteiro de S. José, na Vila das Aves.

Aqui fica a "reportagem" que fiz:
Cheguei ao Mosteiro por volta das 10 da manhã. Entrei na Igreja para uma pequena visita ao "Prisioneiro do Amor" e depois de ter falado com a simpática e jóvem Irmã Mestra das Noviças a quem tinha pedido telefonicamente que me fosse autorizado assistir à cerimónia fui passear pela quinta do Mosteiro que é grande e acolhedora, bem tratada, com campos de "novidades", pocilga "guardada" por um simpático cão, vacaria, vinha, respectivo lagar e pinhal. Apesar do grande movimento do trânsito nas estradas que passam nas imediações, repira-se paz e calma, há um ambiente que convida à meditação.


















Pelas 11 horas dirigi-me ao interior da Igreja e sentei-me num dos lugares atribuidos aos familiares e convidados, por indicação da Irmã Mestra das Noviças. Estava emocionada. A perpectiva de ir ver pela primeira vez a Céu, ainda não a conhecia pessoalmente apesar de nos encontrarmos na Net, nos termos falado umas duas ou três vezes quando ela ainda estava em Gaia, fazia-me acelerar o coração, ainda para mais num acto tão importante na vida dela. Ainda não disse que o tal grupo que se conheceu na net se cimentou numa Comunidade chamada de Nazaré, http://www.comnazare.info/ por sugestão do nosso querido Irmão Silencio e com o precioso apoio desde o início e durante estes anos todos do Irmão Victor Dinis, http://almasdesnudadas.blogspot.com/ homem dos sete ofícios, que neste momento está a fundar a Fraternidade de Nazaré, que tanto sonhou, de Irmãos Consagrados e leigos http://fraternazare.no.sapo.pt/. Foi em representação da Comunidade de Nazaré que assisti/participei da Cerimónia. Juntamente com a Maria do Céu, professaram mais 3 Noviças numa Eucaristia presidida pelo Pároco da Paróquia onde está inserido o Mosteiro e concelebrada por alguns sacerdotes entre eles um amigo da Céu, vindo de Évora, e um representante dos Franciscanos.
Nas fotos que se seguem podem ver um aspecto geral da capela, o grupo das Noviças a professarem os votos; a ser-lhes colocado o véu símbolo da obediência à Igreja; a Irmã Mestra das Novíças e por detrás dela a responsável pela Província portuguesa; as Noviças a executarem uma coreografia alusiva ao som do cântico "Senhor, tu me criaste por amor"; o Pároco; o cortejo do Ofertório; a cerimónia de aceitação da Regra da Congregação; a festa à saída da igreja com a Mãe da Irmã Maria do Céu a abraçá-la; as flores que lhe ofereceram e a mesa onde almoçamos (onde comi a correr um prato de sopa e um pouquinho de um frango e batatinhas assadas, arroz que estavam uma delícia. Saí da festa a correr pois o trabalho esperava-me ao qual cheguei em pouco mais de 30 minutos...urgências...





















Em nome da Comunidade de Nazaré foi-lhe oferecido os livros:
Missa no topo do Mundo de Teilhard de Chardin;
Vida de S Francisco de Assis de Agostinho da Silva;
Oração: Frescura de uma fonte de Madre Teresa e Irmão Roger;
e um terço numa caixinha ambos feitos em madeira de oliveira de Assis;

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Dia da Humildade



O dia de hoje deveria ser proclamado o "Dia da Humildade" pois é dia do "Primeiro depois de Cristo" do Alter Christus, S. Francisco de Assis, aquele que sendo rico se tornou pobre e chamava irmãos aos seres mais pequeninos do Universo.

Que o seu exemplo me faça descer do pedestal da minha arrogância e aceitar todos com amor Cristão, aceitar e amar o que não posso mudar.

Abraços fraternos

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Perseverança


"Dai-me Senhor a perseverança das ondas do mar que fazem de cada recuo um ponto de partida para um novo avanço."
Gisela Mistral (poetisa)

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

A bondade infinita do Pai

Foto da minha autoria com um arranjo de Manuela Vaz do Mil Imagens, claro




Na Comunidade de Nazaré foi feito um desafio pelo Rui Melgão: cada um de nós colocaria uma oração temática da sua autoria. Esta semana foi a "Bondade do Pai" e esta é a minha oração

Pai, não deixes que eu me canse, que eu me sinta perdida, ou me perca mesmo. Se isso algum dia acontecer, que eu seja a Tua Dracma, a Tua ovelha perdida, o Teu Filho pródigo: varre incessantemente a tua casa, procura-me por montes e vales, avança nos Teus átrios até que nas Tuas mão exibas TODAS as Tuas Dracmas, no Teu Redil adormeçam TODAS as Tuas ovelhas e à Tua mesa se banqueteiem TODOS os teus filhos,

Amen

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Te Deum- Graças vos dou












Foto de baixo: parte do grupo coral na ermida dos Anjos mandada construir, diz a tradição, por Cristovão Colombo em acção de graças por ter sobrevivido a uma tempestade ao ter-se abrigado na baía da Cré
Foto de cima: Cerimónia em honra da Nossa Senhora dos Anjos
Algumas das pessoas que me conhecem sabem que "desafino" no coral da minha paróquia (a minha paróquia continua a ser a da ilha que amo embora participe todos os Domingos nas Eucaristias de uma das três possíveis e me tenha colocado à disposição do Padre Ricardo), em estando cá não falho ensaios e lá me junto aos outros nas Eucaristias dominicais e festivas. Cânticos há que me emocionam e o Te Deum que cantamos uma vez por ano na Missa de Fim de ano é um deles. "A ti Senhor louvamos e afirmamos que só Tu és o Senhor...Salva Senhor o Teu povo e abençoa a Tua herança". É o cântico que tenho aqui na entrada do TeoLugar numa versão diferente da que cantamos, mas o poema é o mesmo. Tenho a tradução algures, já q o cantamos em latim (acho que com alguns "pontapés na gramatica", como diria o meu Pai), mas não encontro e como gosto de outros cânticos de louvor e graças deixo-vos um deles




Senhor, Graças Vos dou




1. Senhor, graças Vos dou por toda a luz.
Graças Vos dou por todo o amor.
Pelo céu, pela terra mil graças Vou dou, Senhor.

2. Senhor, graças pelo calor do sol,
Graças pelo fragor do mar;
Pela neve do monte onde o vento passa a cantar.

3. Senhor, graças pelo trigo a crescer.
Graças pela vida a nascer.~.
Graças pelo que a minha alma sente e Vos quer dizer.

4. Senhor, graças por esta refeição.
Por este Vinho e este Pão.
E por todos os homens de quem nós somos irmãos.

5. Senhor, graças por este belo dia !
Vamos viver como cristãos
Ajudai-nos a amar-vos e a todos como irmãos


Desconheço o autor

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Ser bom Católico- mais inquietações

Não é permitida a reprodução desta imagem sem autorização da autora: Ana Loura



"...uma familia bonita que passa agora uma grande tormenta... como bons católicos não usavam contraceptivos e este ultimo que nasceu a semana passada é já o quinto e o ultimo, dado que a gravidez era de elevado risco e a mãe acabou por não sobreviver ao parto por sesariana..."




As minhas palavras em alturas destas parecem-me sempre vazias... mas há sempre um misto de piedade, compaixão e revolta. Ser bom Católico (Bom? Católico) é não fazer contracepção? É arriscar a vida de uma Mãe? Foi a vontade do Pai? Pai ajuda-me a entender


Abraços fraternos

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Maria


Fotos da imagem da Padroeira de Vila do Porto (autora: Ana Loura)

Hoje meditei nos Dogmas de Maria e não cheguei a grandes conclusões
Porquê gerada de forma diferente? Sem pecado original
Porquê ter gerado e parido Jesus e sempre virgem?
Porquê assunta ao Céu em corpo (carne e osso) e alma?
Quero ajuda, preciso de ajuda, quero entender.
Seria Jesus menos Deus se os dogmas não existissem? Maria menos amada, menos venerada? Acho que a nossa Igreja a "fez" quase um ser Divino, a colocou quase em pé de igualdade com seu Filho e Deus, afastando-a da nossa humanidade fazendo parecer que a nossa humanidade é pecado.
Quero amar Maria Mãe de Deus, mas não posso dizer que sou toda dela, que a Maria me consagro pois a Ele toda me quero dar.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

"Quero Ver Jesus"

Sicómero

Este pequenino texto foi escrito em 05 de Abril de 2004



"Quero Ver Jesus"
Realizou-se, ontem, no hangar do Aeroporto a Missa de Domingo de Ramos em que a Igreja Católica comemora o Dia Mundial da Juventude. O título da mensagem que o Santo Padre escreveu para este dia é "Quero ver Jesus".


Ver Jesus onde? Como? E será que O quero mesmo ver?
Ver Jesus no outro que sofre, no outro que precisa, e que está mesmo aqui ao lado, na minha rua, no meu bairro, na minha ilha. Mas geralmente nós só vemos os nossos problemas e valorizamo-los de tal forma que só eles existem, somos os mais infelizes, os mais carenciados e os outros não existem para além do horizonte do nosso umbigo e hipocritamente olhamos como quem não quer ver, sorrimos e passamos adiante. Lembra-me uma canção do meu tempo de juventude, dizia o cantor qualquer coisa como isto: ..."Você quando vê um mendigo cospe no chão mas se alguém o olha estende-lhe a mão, é um homem feliz. Feliz como os bois o são nos currais e são tão felizes os animais"...Somos felizes ignorando a miséria, a dor alheia. Ignorando, não, fazendo de conta que não a vemos.


Falou-se na Missa sobre este tema, os jovens e os restantes presentes aplaudiram estrondosamente, mas...será que o que ouvimos provocará uma mudança da nossa atitude? Será que as escamas que nos cegam caíram e reconheceremos no que precisa, nem que seja do nosso respeito, de uma palavra, do muito que resta da nossa fartura, para não falar do que nos faz falta, o rosto de Jesus? Ou será que continuaremos na nossa vidinha do costume e as palavras que ouvimos não passaram de palavras lançadas ao vento e que caíram em saco roto?

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

"A linguagem de Deus"






Fotos retiradas da net

De Frei Bento, claro
Guerra e paz entre ciência e religião-Bento Domingues O.P.

É possível evitar a agressão e a ignorância recíprocas entre ciência e religião

1."Uma das grandes tragédias do nosso tempo é a impressão que se criou de que ciência e religião devem estar em guerra." Esta estridente afirmação parece recortada da literatura apocalíptica. Pertence, no entanto, a Francis S. Collins, físico, médico geneticista e director do National Human Genome Research Institute (NIH), autor de um tecido de paz entre ciência, religião e ética, num livro muito belo para umas férias de sabedoria (1).

Hoje, toda a gente sabe que o genoma humano é composto por todo o ADN da nossa espécie, o código hereditário da vida. Esse texto, recentemente revelado, tinha mais de três mil milhões de letras e estava escrito num código estranho e criptográfico de quatro letras. A surpreendente complexidade da informação contida em cada célula do corpo humano é tal que uma leitura efectiva desse código, ao ritmo de uma letra por segundo, levaria trinta e um anos, ainda que se realizasse dia e noite sem parar.

A impressão desses caracteres em papel comum, num tipo de letra normal com tamanho regular, e a junção de todas as folhas resultariam numa torre com a altura do monumento a Washington.

Quem o diz é o mesmo Francis S. Collins, responsável pelo Projecto do Genoma Humano a nível internacional, que, durante mais de uma década, se esforçara por revelar essa sequência de ADN, coordenando mais de dois mil cientistas que conseguiram esse feito notável. No seu entender, será encarado, daqui a mil anos, como uma das maiores realizações da humanidade.

2. O que terá a religião a ver com isto? Aparentemente, nada. No entanto, Collins, que trabalhou com o redactor do discurso pronunciado por Bill Clinton, a 26 de Junho de 2000, para "anunciar a conclusão do primeiro esboço de um manual de instruções para seres humanos", defendeu energicamente a inclusão do seguinte parágrafo: "Hoje em dia, estamos a aprender a linguagem na qual Deus criou a vida. Sentimos uma reverência cada vez maior pela complexidade, pela beleza e pelo prodígio da dádiva mais divina e sagrada de Deus."

Quando coube ao cientista a vez de proferir algumas palavras, assumiu explicitamente esse sentimento: "É um dia feliz para o mundo. A percepção de que vislumbramos, pela primeira vez, o nosso manual de instruções, anteriormente só conhecido de Deus, torna-me humilde e inspira-me reverência."

Ao anunciar um marco nas áreas da biologia e da medicina, não será um abuso esta invocação? Não serão antitéticas as concepções científicas e espirituais do mundo? Não deveriam, Bill Clinton e o cientista, ter evitado que elas aparecessem juntas?

A resposta de Francis Collins é simples: "Para mim, a experiência de sequenciar o genoma humano e de revelar o mais notável de todos os textos constituiu um feito científico espantoso e, simultaneamente, uma ocasião de culto."

3. Divulgou-se a ideia de que um cientista rigoroso não pode, ao mesmo tempo, acreditar seriamente num Deus transcendente. O director do NIH escreveu uma obra para mostrar que a crença em Deus pode ser uma escolha inteiramente racional e que os princípios da fé complementam, de facto, os princípios da ciência.

Sabe que são muitas as pessoas que julgam isso impossível. No entanto, as sondagens confirmam que 93 por cento dos norte-americanos professam algum tipo de crença em Deus. E entre os cientistas? Neste momento, é mais prevalecente do que se imagina.

Em 1916, investigadores perguntaram a biólogos, físicos e matemáticos se acreditavam num Deus que comunica activamente com a humanidade. Cerca de 40 por cento responderam afirmativamente. Em 1997, a pesquisa foi repetida na íntegra e, para surpresa dos investigadores, a percentagem mantinha-se praticamente igual.

Deste resultado, Collins não concluiu que a "batalha" entre ciência e religião não esteja ferozmente polarizada. Ao lançar o descrédito sobre as crenças espirituais de 40 por cento dos seus colegas, considerando-as pieguices absurdas, o proeminente evolucionista Richard Dawkins, por exemplo, destacou-se como principal porta-voz do ponto de vista segundo o qual uma crença na evolução implica o ateísmo.

Por outro lado, alguns fundamentalistas religiosos atacam a ciência, considerando-a perigosa e indigna de confiança, apontando para uma interpretação literal dos textos sagrados como único meio fidedigno de discernir a verdade científica. Um dirigente do movimento criacionista, H. R. Morris, afirmou: "Quando a ciência e a Bíblia diferem, é porque a ciência, obviamente, se enganou a interpretar os seus dados." Para o biólogo Stephen Jay Gould, ciência e fé deviam ocupar "magistérios" não sobrepostos, separados.

F. S. Collins, convertido aos 27 anos, com o seu livro, A Linguagem de Deus, vem abrir corredores de paz: nem confusão, nem agressão mútua entre ciência e religião, nem ignorância recíproca. Ele sente-se bem ao ser um cientista rigoroso e ao pegar na viola para cantar a alegria da fé. Boas férias e até Setembro.

(I) Francis. S. Collins, A Linguagem de Deus, Lisboa, Presença, 2007.

In jornal Público

"A linguagem de Deus
A linguagem de Deus de Francis S. Collins da Editorial Presença
Como surgiu o universo? Qual o significado da existência humana? Eis algumas das questões que desde há muito inquietam a nossa mente. Na tentativa de encontrar respostas satisfatórias, religião e ciência têm-se degladiado numa batalha que as coloca em posições antagónicas e que é para Francis Collins, o autor deste livro, absolutamente insensata.
Na sua perspectiva de cientista altamente rigoroso e de crente honesto, Collins defende a complementaridade das concepções científica e espiritual como sendo a via mais equilibrada para desvendar o mistério da vida e do universo. E é justamente aí que reside o objectivo desta obra – explorar essa via de integração privilegiada com toda a seriedade intelectual. Uma leitura imprescindível para todos os crentes, agnósticos e ateus que se interrogam sobre as questões fundamentais da existência e desejam aprofundar a sua reflexão sobre elas."

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Mêdo


Foto da autoria de Paulo César, Mil Imagens



Imagem da autoria de Rui Vale de Sousa - Mil imagens. Título: Mêdo


Difícil, quase impossível abraçar quando o outro vira costas e foge...estou angustiada e triste...os meus passos não são suficientemente largos para o alcançar e não posso correr correndo o risco de parecer perseguir...Pai, ajuda-me a não perder os que nos confiaste





Amen

terça-feira, 31 de julho de 2007

Reféns Sul-Coreanos

Foto retirada do site da petição

"Todo o homem é meu irmão" ouvia eu a voz do meu conterrâneo Padre António Rêgo dizer há muitos anos.


As notícias sobre o rapto dos Presbiterianos, sul coreanos, tem feito com que essa frase me martele o cérebro e a alma. Como é possível que, ainda, não se tenha criado um movimento internacional de boas vontades em defesa destas vidas? (se está criada, desconheço) Onde estão os defensores dos Direitos Humanos? Onde estão os defensores da vida humana? Não há forma de pressionar o governo do Afeganistão no sentido de acções que resultem na libertação dos Missionários Sul Coreanos. Estou triste, muito triste. A Comunidade Internacional reage a que estímulos? É preciso que sejam sacrificados mais meia dúzia? Ou todos para depois dizerem que coitados se calahr deveriam ter ficado em casa em vez de irem evangelizar?
Não é altura para avaliar as razões dos Talibãm, é, apenas, altura de exigir a libertação dos Sul-Coreanos que, ainda estão vivos
É ou não todo o homem meu irmão?


Acabo de encontrar na net uma petição http://www.avaaz.org/en/honour_the_afghan_code/b.php/?CLICKTRACK Assinem-na e passem a informação

sábado, 28 de julho de 2007

"Deus é amor"




Ando "há séculos" a ler o livro do Teólogo galego Andrés Torres Queiruga, Recuperar a criação. Há séculos porque não é fácil de ser lido porque tem que ser entendido, para além do facto de ser uma tradução brasileira.



Ontem ao fim do dia, dei um saltinho à praia de Nossa Senhora da Guia em Vila do Conde e li mais umas linhas, junto ao mar.



O que li, não me surpreendeu pois foi dentro da "linha" de raciocínio que já conheço ser a de Queiruga, mas confesso que me abalou. Passo a vida a pedir ao Pai que me faça instrumento e a pedir a mim própria que O deixe, sempre, fazer-me instrumento pois sei que é preciso que eu queira: tenho sempre a liberdade de dizer que sim ou que não.



Queiruga deu-me uma visão nova da Parábola do Samaritano (Lc 10, 29-38) ao dizer:

" pela injustiça de certos homens, aí, à beira do caminho, está um ferido, sangrando e exposto à morte. Muitas vezes, ao ler ou escutar esta narração, prescindimos do protagonista mais radical e fundante: Deus. Aquele ferido é filho seu que ele ama - sem metáforas- com amor infinito e disposto a tudo, buscando salvá-lo a qualquer preço...

... Quando passa o sacerdote, é ele (Deus), que mediante sentimentos de compaixão, a partir do impulso à solidariedade, a partir da voz da consciência...convoca-o a vir em ajuda do seu irmão. Mas - e tal é o risco de Deus: a impotência histórica do amor ferido - Deus não pode nem quer forçar a liberdade: o sacerdote não faz caso, e o ferido continua sangrando, exposto à morte; passa o escriba, e ocorre o mesmo; finalmente, passa o samaritano, que sente o apelo, por ele deixa-se guiar e acode em ajuda ao doente. Neste momento Deus pode, finalmente, salvar aquele homem.

O samaritano é verdadeiramente a sua mão: sem ela, Deus nada poderia fazer..."


E mais adiante: "Deus nunca acontece de maneira tão profunda, intensa e pura como quando um homem ou uma mulher acodem em ajuda a outro homem ou a outra mulher. Não podia ser de outro modo, dado que "Deus é amor", e nas pessoas culmina seu movimento criador."

A revelação bíblica procede dessa intuição..."



Resumindo muito:

depende de cada um de nós aceitar ou não o Seu apelo, a missão de co-autores na história da salvação que nos quer confiar, ser a Sua mão, para que Ele aconteça. Sou livre de aceitar...ou de recusar...Como posso eu conscientemente recusar? Não posso, nem quero...




Amen


Os bold são da minha responsabilidade

sábado, 21 de julho de 2007

"Que fizeste do amor?" Irmão Silencio, Trapista

Há encontros fortuitos que se revelam marcantes. Ter encontado este homem em Abril de 2002 foi de extrema importância para que eu tenha crescido, aberto o meu coração e os meus olhos para a espiritualidade, para a Fé (não quero dizer que ele tenha sido o único responsável, há outras pessoas também sem as quais eu não estaria a trilhar os caminhos que trilho). Com este encontro e com outros ficou demonstrado como a net pode ser ponto de encontro, troca de ideias, apoio mútuo, evangelização, Foram cerca de 2 anos de acompanhemento espiritual.
Uma sua frases que retenho e que medito pois acho que sintetiza a base da Fé:

"O Pai jamais diz NÃO mas um ESPERA mesmo que os teus pecados sejam uma floresta que rompe os caminhos da tua alma com as suas raizes do mal. Espera no Senhor e sê misericordioso O dia virá do ENCONTRO e as suas palavras jamais serão o que fizestes? mas sim onde deixaste semeado o Amor que te ofereci naquele dia em que ambos nos encontramos?"

Amor! Sempre e só o amor.
Onde semeaste o amor que EU te ofereci. Eu dei-te amor para tu o colheres cem por um e dares amor, que fizeste dele?

sou remetida para o Hino ao amor da carta do Apóstolo S. Paulo aos Corítios numa tradução do Padre José Tolentino Mendonça


Se eu falasse as línguas dos homens e até as dos anjos,
mas não tivesse amor
seria bronze que soa ou címbalo que tine.
Se tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os
mistérios e todos os
saberes,
se a minha fé fosse a ponto de mover montanhas,
mas não tivesse amor, eu nada seria.
Se repartisse pelos pobres tudo quanto tenho, e meu
corpo entregasse às
labaredas
mas não tivesse amor, nada ganharia.
0 amor paciente, repleto de bondade,
amor que desconhece inveja e não ostenta orgulho,
amor sem vaidade, que descura o próprio interesse,
e não se irrita e não suspeita mal,

o amor que não colhe alegria da injustiça, mas se alegra
com a verdade;
tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
0 amor jamais acabará:
há um tempo em que vacilam as profecias, as línguas
emudecem e o saber
desaparece
porque só em parte conhecemos e só em parte
profetizamos,
mas quando chega a perfeição
os limites apagam-se.
Quando eu era criança, falava como criança,
sentia como criança, pensava como criança:
quando me tornei homem abandonei
as coisas de criança.
Agora vemos por um espelho, e de maneira obscura, o
que depois veremos facea face.
Agora conheço apenas uma parte, mas então
conhecerei
conforme também sou conhecido.
Agora permanecem fé, esperança, amor, todos juntos.

Mas o maior de todos é o amor.

Onde quer que estejas, Irmão...

"Sanctus, Sanctus, Sanctus..."

Amen






quarta-feira, 18 de julho de 2007

Bartolomeu dos Mártires

Hoje é dia do "Grande" Beato portugês Fei Bartolomeu dito dos Mártires por ter nascido na freguesia lisboeta do mesmo nome. É importantíssima a sua intervenção no, agora muito falado (devido ao rito de celebração da Eucaristia) Concílio de Trento e nas medidas que tomou para a sua aplicação na Diocese de Braga onde era arcebispo.


Transcrevo texto retirado do site dos Dominicanos portugueses http://www.dominicanos.com.pt/index.asp?art=6604


Nascimento
Lisboa, não contente por ter dado ao mundo um dos mais notáveis contributos para a Civilização, foi berço glorioso de nomes de projecção universal. Bastará citar para o nosso intento: Santo António de Lisboa e D. Fr. Bartolomeu dos Mártires, Santo Arcebispo de Braga e luminar do Concilio de Trento.
É deste último que nos vamos ocupar nestas breves reflexões. O Beato D. Fr. Bartolomeu dos Mártires nasceu na freguesia de N.ª Senhora dos Mártires, da Cidade de Lisboa, em 3 de Maio de 1514. Era filho de Domingos Fernandes e de Maria Correia e usava o apelido do Vale, que era de um avô.
Os seus pais eram profundamente cristãos e deram-lhe uma esmerada e digna educação cristã em todos os aspectos.

Faz-se Dominicano
Veio a abraçar a vocação dominicana no convento de S. Domingos de Lisboa, tendo professado a 20 de Novembro de 1529. Acrescentou ao nome que usava o apelido de Mártires em memória da invocação da Igreja em que fora baptizado.
Formou-se em Filosofia e Teologia, ciências que ensinou, com notável êxito durante mais de 20 anos, em Évora, onde teve por aluno D. António Prior do Crato, na Batalha, em Salamanca e em S. Domingos de Benfica, aonde o veio buscar a Mitra de Braga, entrando na Arquidiocese Bracarense solenemente em Outubro de 1559. Deixou escrita uma vasta obra de teologia e espiritualidade.

Arcebispo de Braga
Aceitando a dignidade de Arcebispo de Braga por obediência, participou, como Primaz das Espanhas, na fase conclusiva do Concílio de Trento (1562-1563), para onde partiu em 1561. Ia acompanhado apenas de um teólogo, do seu secretário, de um capelão e do mínimo de familiares. No Concílio distinguiu-se pelo saber e zelo da renovação da Igreja e edificou a todos pela santidade. A correspondência do Concílio chama-lhe «douto e religiosíssimo Prelado», «homem de grande santidade e religião» e S. Carlos Borromeu afirma que o tomou por exemplo a imitar.
Num dos intervalos das sessões conciliares, foi a Roma, onde se demorou 17 dias, em visita ao Papa, quer dizer em visita «ad sacra limina». Voltou para Trento para assistir ao encerramento dos trabalhos conciliares. Rejubilou com a feliz conclusão do Concílio, e, numa carta de despedida a S. Carlos, afirmou que «só falta empenharmo-nos com todas as forças para o aplicar».

Aplicação do Concílio
Para levar a efeito, dignamente, a execução das disposições conciliares; reuniu um Sínodo diocesano, na sua Catedral, e depois um Concílio da sua Arquidiocese ou província eclesiástica.
Tratou imediatamente da fundação do Seminário Conciliar, vencendo a oposição do cabido.
Este constituiu o seu programa pastoral realizado em Braga com zelo e constância heróicas, superando todas as dificuldades. S. Pio V em carta a D. Sebastião, referindo-se às contestações sofridas pelo Beato, declara-se muito penalizado e afirma que o Arcebispo «pela exímia santidade merecia ser amado e reverenciado». Ainda na linha da renovação da Arquidiocese de Braga, purificou o culto divino, dignificou e protegeu o clero, fundando, além do Seminário Conciliar, como já foi dito, outros centros de estudos teológico-pastorais, estimulou a educação e instrução da juventude, promoveu a assistência social, socorrendo viúvas e órfãos e distribuindo, liberalmente, pelos pobres quanto tinha, preferindo viver ele em extrema pobreza para ter mais que dar e matar assim a fome a mais necessitados como bem escreveu Fr. Luís de Sousa na sua Vida do Arcebispo.

Bispo-Pastor
Visitou mais que uma vez a sua vasta Arquidiocese que se estendia a Bragança e a Freixo de Espada à Cinta. Em Janeiro de 1560 percorreu como Pastor as terras do Barroso, Trás-os-Montes e Alto Minho, regressando no princípio da Quaresma. Encontrou muitas freguesias em lastimoso estado, pela falta de cultura do Clero e ignorância religiosa do povo, mandou traduzir para uso dos sacerdotes, a Suma dos Casos, do Cardeal Caetano, e ele próprio compôs, para os fiéis, um Catecismo da Doutrina Cristã, e um livro de Práticas Espirituais.
Fundou o convento de S. Domingos, em Viana do Castelo, destinando-o a promover os estudos eclesiásticos daquela vasta zona da Arquidiocese.
No governo da Arquidiocese, D. Fr. Bartolomeu dos Mártires revelou-se, como já insinuámos, um verdadeiro e extraordinário Pastor pelo seu amor à Igreja e caridade para com os pobres a quem socorreu por ocasião da peste de 1570.
Ocupava a Sé de Braga, quando faleceu D. Henrique, o Cardeal-Rei, cuja morte deixava em aberto o problema da sucessão ao trono de Portugal. Era-lhe grata certamente a candidatura de D. António, Prior do Crato, seu amigo e seu antigo aluno. Absteve-se, porém, de tomar partido, com certeza por não lhe ver possibilidade de êxito.
A Cidade de Braga amotinara-se em favor do Prior do Crato. Para não se ver envolvido em complicações de assuntos que não eram do seu múnus pastoral, retirou-se para Tuy (Galiza) onde adoeceu gravemente e só pôde voltar à Diocese quando já reinava D. Felipe com o título de Felipe I de Portugal e II de Espanha. De Tuy regressou à Diocese, voltando às visitas pastorais. D. Fr. Bartolomeu, pouco depois, pediu a Felipe II, a renúncia ao Arcebispado, qual foi aceite. E, de Tomar, escreveu ao Papa Gregório XIII formulando semelhante pedido.

Morre em Viana
Estava em Viana, quando lhe anunciaram que e Papa nomeara novo Arcebispo para a Sé bracarense. D. Fr. Bartolomeu dos Mártires recolheu-se imediatamente ao conventos de S. Domingos de Viana, envelhecido e cansado. Ali veio a falecer, como apóstolo e santo, em 16 de Julho de 1590. À hora da morte os bracarenses pretenderam levar para Braga o seu corpo, mas os vianenses opuseram-se de armas na mão.

Processo de Beatificação
Em 1702 o Arcebispo D. João de Sousa mandou organizar o processo relativo à heroicidade das suas virtudes e aos milagres atribuídos à sua intercessão. Ficou concluído felizmente em 1845, pela promulgação do Decreto sabre a heroicidade das suas virtudes.
Foi beatificado por João Paulo II no dia 4 de Novembro de 2002. A sua festa litúrgica celebra-se a 18 de Julho.
Há, em várias línguas, numerosas biografias de D. Fr. Bartolomeu dos Mártires. A mais conhecida é a do clássico Fr. Luís de Sousa, da Ordem dominicana.